A constante evolução tecnológica que se instalou pelo mundo todo vem criando novos conceitos, modificando os espaços — e os negócios. Hoje falamos em Indústria 4.0 e 5.0, em fábricas inteligentes que usam novas tecnologias e análise de dados para otimização de processos. Diante de todas essas transformações que acontecem no dia a dia das pessoas e nos sistemas de produção, não há como não se perguntar:
- a sociedade está pronta para absorver tudo isso?
- as universidades estão formando os profissionais que o mercado demanda?
- as indústrias estão aplicando as novas tecnologias e obtendo vantagens de ordem prática?
Sabemos que, em alguns segmentos, vem ocorrendo uma verdadeira revolução com a mineração de dados, uso de algoritmos e aplicação da inteligência artificial na otimização dos processos. Mas a UniSoma vem ampliando sua interlocução com especialistas para entender como a indústria brasileira se posiciona no comparativo com a de outros países, como as empresas estão se preparando e, principalmente, quais são os principais benefícios do potencial da matemática.
Recentemente conversamos com o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Anibal Azevedo, e agora convidamos o professor doutor Luiz Leduino de Salles Neto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus de São José dos Campos, para participar desse conteúdo.
Luiz Leduino de Salles Neto tem vasto conhecimento na área de modelos de otimização (prescritivo) e nos fala sobre como muitas empresas ainda não conhecem todo o potencial da otimização (mesmo que ela seja amplamente difundida pela Academia). Ele também aborda os principais benefícios da matemática e a importância de um alinhamento entre universidade, empresa e sociedade. Confira a entrevista!
Os principais benefícios da otimização na Indústria 4.0: entrevista com professor da Unifesp
UniSoma – Você acredita que existe um descompasso, entre universidades e mercado, com relação a estarem cientes de todo o potencial que a otimização pode trazer para os negócios?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – De maneira geral, acredito que muitas empresas ainda não conhecem todo o potencial da otimização para melhoria de suas operações, minimização de custos, impactos ambientais, bem como para a maximização da competitividade e dos lucros. Há, assim, certo descompasso. Isso pode ser resolvido por meio da aproximação universidade-empresa. Quando a universidade trabalha no desenvolvimento de soluções para desafios do mercado, os alunos aprimoram sua formação e a sociedade ganha soluções que podem gerar mais emprego e renda. É uma parceria ganha-ganha-ganha entre universidade, empresa e sociedade.
UniSoma – E comparando a indústria brasileira com as de outros países, acredita que haja diferenças no melhor aproveitamento dos modelos otimizados?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – Vou falar do que eu já vivenciei. Nos EUA, a relação universidade-empresa é parte do dia a dia das universidades. Operations research (operações de pesquisa) lá é realidade em empresas de todos os setores. Todo mundo conhece. É possível verificar isso, por exemplo, fazendo uma pesquisa por vagas com estas palavras no LinkedIn. No Brasil, temos experiências positivas e estamos crescendo, mas é preciso acelerar este crescimento. O principal impeditivo, a meu ver, é a ausência de uma política de estado consistente de valorização da Pesquisa e Desenvolvimento no País.
UniSoma – Quais são os principais benefícios do potencial da matemática (otimização) para a indústria?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – Hoje é muito evidente o papel da otimização para definição das estratégias logísticas das empresas de comércio eletrônico, em especial os marketplaces. Para otimizar a entrega dos pedidos das prateleiras dos Centros de Distribuição até a casa dos clientes, é preciso resolver diversos problemas difíceis de otimização. Há muita pesquisa científica sendo feita nesta área e que pode ser aplicada para aumentar a competitividade das empresas. Também é importante agregar técnicas de machine learning e otimização, uma grande tendência na área e que seria importante chegar às empresas brasileiras. O uso dos dados históricos de forma eficiente para planejamento e operação passa necessariamente pela otimização, potencializando a experiência e competência dos tomadores de decisão.
UniSoma – Poderia citar alguns exemplos desses benefícios aplicados na prática?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – De 2010 a 2015, coordenei um projeto de inovação tecnológica da Vale em parceria com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Nós desenvolvemos um sistema para otimizar a operação de um dos terminais do Porto de Tubarão, em Vitória (ES). Basicamente, a partir dos dados dos navios programados para operar no terminal, por meio de um modelo de otimização inteira, o sistema propõe o agendamento dos navios em cada um dos berços de atracação, bem como a alocação dos descarregadores de navios e esteiras. É um problema muito complexo e a otimização dá um apoio fundamental aos operadores do Terminal. O resultado foi significativo e o sistema gerou um pedido de patente, sob análise do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
UniSoma – Quais acredita que sejam os principais desafios da indústria com relação aos modelos de otimização prescritivos?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – Hoje o grande desafio é saber como usar a grande quantidade de dados existentes em prol dos objetivos da empresa. É comum recebermos contatos de empresas perguntando “o que podemos fazer com os dados?” e isso abre muitas possibilidades de pesquisa e desenvolvimento.
UniSoma – Como esses modelos contribuem ao gerar recomendações e fazer previsões?
Prof. Luiz Leduino de Salles Neto – A contribuição pode ser no oferecimento de melhores serviços ou produtos para os clientes, e na minimização dos custos, por exemplo. Sobre as previsões, outro campo que apresenta grandes desafios científicos é o da incerteza e os modelos otimizados buscam justamente sair do empirismo.
A importância do diálogo entre empresas e universidade na Indústria 4.0
O professor da Unifesp finaliza a conversa falando da importância em aproximar Academia e empresas como a UniSoma, uma referência na área de modelagem matemática e inteligência artificial, que dá apoio para soluções como Planejamento Integrado, Previsão de Demanda, Orquestração de Decisões, Otimização de Recursos, Detecções de Riscos e Fraudes, entre outras.
“A UniSoma tem diversos casos de sucesso e contribui muito para a melhoria e aumento da competitividade de seus clientes. E a universidade tem especialistas que acompanham e desenvolvem o que há de melhor na área, mas principalmente tem estudantes jovens talentosos e criativos”, diz Luiz Leduino de Salles Neto.
A UniSoma também acredita nisso, tanto que abriu o espaço para discussão em edição recente do DeepTalks. Ouça aqui o nosso podcast sobre como a academia tem preparado seus alunos para o mercado de trabalho em inteligência artificial e aguarde por novos conteúdos em nosso site.